terça-feira, 24 de abril de 2012

Mito


Mito
Há vários caminhos a trilhar quando pensamos em estabelecer uma definição do que seja mito, pois falar de mito é embrenhar-se em diversos campos do conhecimento e inúmeras formas de interpretação. O termo já encerra em si grandes contradições: ora como "mentira", ora como a verdade íntima escondida atrás de um véu, o mito para muitos nega a razão e a realidade, ainda que quase sempre não haja um questionamento profundo sobre esses dois conceitos. Há tantas definições para o termo quantas as diversas dinâmicas de compreensão do homem face ao mundo em que vive. O mito não nega a razão, mas apodera-se dela de tal forma que a recria e a transcende suscitando, desse modo, diversas realidades em diferentes "mundos" do pensar: Moyers compreende que "aquilo que os seres humanos têm em comum se revela nos mitos. Mitos são histórias de nossa busca da verdade, de sentido e de significação, através dos tempos" (1988:5). O mito enquanto uma narrativa repleta de valores e crenças é um conjunto de imagens e símbolos que traduzem o pensamento, a história, a capacidade de criar e de gerar o novo. O mito é sempre uma incógnita, uma cortina meio transparente, uma forma de dizer tudo revelando muito pouco; enfim, uma grande metáfora.

Nenhum mito surge do nada ou da simples vontade de existir; sua origem ou localização temporal dos fatos de que falam são questões bastante complexas. Ao utilizarmos métodos limitados de interpretação, reduzimos o mito a definições que o apresentam como simples fantasia ou fato ilusório. Mircea Elaide, um estudioso dos mitos e das religiões, afirma que "nas sociedades em que o mito ainda está vivo, há uma distinção cuidadosa entre histórias verdadeiras e histórias falsas" (2000:13). Para os indígenas, o mito está na categoria das histórias verdadeiras, enquanto as histórias falsas são representadas por fábulas ou contos.

Narrativa de um Mito

"Quando nasceu Afrodite, banqueteavam-se os deuses, e entre os demais se encontrava também o filho de Prudência, Recurso. Depois que acabaram de jantar, veio para esmolar do festim a Pobreza, e ficou na porta. Ora, Recurso, embriagado com o néctar - pois o vinho ainda não havia - penetrou o jardim de Zeus e, pesado, adormeceu. Pobreza então, tramando em sua falta de recurso engendrar um filho de Recurso, deita-se ao seu lado e pronto concebe o Amor. Eis por que ficaram companheiro e servo de Afrodite o Amor, gerado em seu natalício, ao mesmo tempo em que por natureza amante do belo, porque também Afrodite é bela. E por ser filho o Amor de Recurso e de Pobreza foi esta a condição em que ele ficou. Primeiramente ele é sempre pobre, e longe está de ser delicado e belo, como a maioria imagina, mas é duro, seco, descalço e sem lar, sempre por terra e sem forro, deitando-se ao desabrigo, às portas e nos caminhos, porque tem a natureza da mãe, sempre convivendo com a precisão. Segundo o pai, porém, ele é insidioso com o que é belo e bom, e corajoso, decidido e enérgico caçador terrível, sempre a tecer maquinações, ávido de sabedoria e cheio de recursos, a filosofar por toda a vida, terrível mago, feiticeiro, sofista: e nem imortal é a sua natureza nem mortal, e no mesmo dia ora ele germina e vive, quando enriquece; ora morre e de novo ressuscita, graças à natureza do pai; e o que consegue sempre lhe escapa, de modo que nem empobrece o Amor nem enriquece, assim como também está no meio da sabedoria e da ignorância. Eis, com efeito, o que se dá". http://www.algosobre.com.br/filosofia/mito-e-filosofia.html

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